Colégio Invisível (Conceitos)

Peter Pál Pelbart

a. Coletivo onde não se via coletivo, e não necessariamente reconhecer coletivo lá onde todos vêem coletivo, não por um gosto de ser esquisito, mas por uma ética que contemple também a esquisitice e as linhas de fuga. Novas formas de associar-se e dissociar-se, nos contextos mais auspiciosos ou desesperadores;
b. Negação da fusão, da homogeneidade, da identidade consigo mesma. A heterogeneidade, a pluralidade, a distância;
c. A condenação do desejo de fusão comunial, pois implica sempre na morte ou no suicídio. Na contramão do sonho fusional: interrupção/ fragmentação/ suspense;
d. O segredo do comum que não seja um segredo comum. A singularidade qualquer, que não reivindica uma identidade. Singularidades que declinam toda identidade e toda condição de pertinência, mas manifestam seu ser comum. Dos seres singulares e seus encontros. Multiplicidade inconstante;
e. O pé na estrada, sem jamais tentar salvar outras almas, desviando-se daquelas que emitem um som demasiado autoritário ou gemente demais, com seus iguais acordos e acordes, mesmo fugidios;
f. O homem qualquer e suas singularidades que se cruzam, nem individualismo nem comunialismo. 

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A Comunidade Científica

Os “colégios invisíveis” na verdade são chamados assim porque o diálogo ocorrido entre pesquisadores e pesquisadoras das mais diversas “escolas” não é visto acontecendo. Seu caráter marcadamente verbal tende a ser momentâneo e acaba sendo capturado apenas em citações, referências bibliográficas e notas de rodapé dos trabalhos, monografias e artigos científicos, lugares onde também se vê com freqüência a competição entre pontos de vista acerca de uma determinada interpretação científica. A “informação cientificamente relevante” acaba sendo justamente aquela que é trocada entre pesquisadores de uma ou mais tradições de pesquisa que visam nesta “troca” reforçar ou derrubar uma interpretação acerca de um fenômeno.

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MERTON 

[...] PRICE quem reinventou a expressão Colégio invisível, (na verdade sua expressão foi “Novos Colégios invisíveis”). PRICE adaptou e estendeu o significado original de um termo usado pela primeira vez por Robert Boyle, cientista inglês do século 17, que havia empregado a expressão para descrever um grupo de pesquisadores que mantinham contatos entre si, embora trabalhassem em instituições diversas. Esse grupo se transformou mais tarde na Royal Society, de Londres. 


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ACOSTA-HOYOS

" Os colégios invisíveis podem ser sociologicamente percebidos como grupos de cientistas, geograficamente dispersos, que trocam informações entre si com mais freqüência do que com os outros cientistas integrantes da comunidade científica.”

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Escola de Sagres

A Escola de Sagres constitui um dos grandes mitos da história portuguesa, resultante de deficientes interpretações de crónicas antigas. Com base no pressuposto de que o infante D. Henrique convidou um cartógrafo catalão para se colocar ao seu serviço, muitos consideraram (a partir logo do século XVI, com Damião de Góis), que teria havido uma Escola Náutica em Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417, no Algarve. A escola, centro da arte náutica, teria assim formado grandes descobridores, como Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.


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Escola de Palo Alto

Nos Estados Unidos, Califórnia, Bateson uniu-se ao grupo da chamada Escola de Palo Alto (conhecida como o Colégio Invisível) e ao Mental Research Institut (MRI). A partir desta experiência, foi publicado em 1981 o livro La Nouvelle Communication, com várias reedições desde então. Na primeira parte, é feita uma apresentação geral e histórica da eclosão da Escola de Palo Alto, descrevendo seus componentes e sintetizando os principais empreendimentos. Na segunda parte do livro, Yves Winkin oferece, para cada dos integrantes do Colégio Invisível, um texto representativo do pensamento de cada um dos autores, seguido de uma entrevista com eles - Bateson, Ray L. Birdwhistell, Erving Goffman, Edward T. Hall, Donald deAvila Jackson, Albert E. Scheflen, Stuart Sigman e Paul Watzlawick, todos antropólogos ou psiquiatras.


O conceito de comunicação proposto pelos intelectuais do Colégio Invisível com o de micropolítica desenvolvido por Félix Guattari,  asearam o entendimento da comunicação como espaço de relação e produção crítica e criadora de sentidos. Desta forma, a arte, apontada por Merleau-Ponty como espaço de produção de sensibilidades, torna-se um campo privilegiado para a comunicação processar novas formas de vida.

Esta nova relação entre espectador, artista e obra pode ser comparada com a participação de cada sujeito em uma orquestra, na qual “todo indivíduo está em uma rede comunicacional, como emissor e receptor ao mesmo tempo”, como fizeram os intelectuais do Colégio Invisível ao proporem um modelo orquestral de comunicação. A arte e comunicação formam um conjunto dinâmico de signos geradores de sentido.

Colégio Invisível, uma alternativa ao tradicional modelo linear de estudar a comunicação. Esta escola era caracterizada por ser uma teia de ligações conceptuais e metodológicas, ou seja, um consensualismo intelectual que uniu “espiritualmente”, mas quase nunca fisicamente – daí a sua invisibilidade – um grupo de pesquisadores norte-americanos, a partir de 1950, ao redor das Universidades de Palo Alto e da Filadélfia, nos EUA.
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Conscienciologia

 
 O Colégio Invisível da Conscienciologia é a reunião de pesquisadores através de vínculo consciencial em torno de uma especialidade ou assunto da Conscienciologia para promover o intercâmbio científico. 

Comunicação. O colégio invisível é possível graças à comunicologia moderna e seus meios de extensão dos sentidos físicos das conscins.

Geografia. O colégio é invisível porque não tem paredes, é aberto à participação de consciências de diferentes dimensões e diferentes localizações geográficas, interessadas em um mesmo tema e bem intencionadas em contribuir para o crescimento e aprofundamento da ciência.

Meios. Eis 7 meios utilizados para a comunicação entre integrantes de um colegiado invisível:

   1. 1. Cartas.
   2. 2. E-mail.
   3. 3. Internet.
   4. 4. Reuniões presenciais.
   5. 5. Sites interativos.
   6. 6. Projeções conscientes conjuntas.
   7. 7. Telefone.
   8. 8. VoIP.
   9. 9. Wikis.  

Debates. A força dos Colégios Invisíveis está relacionada com o nível de debates promovido entre os pesquisadores, pois desses debates surge a refutabilidade fundamental para o avanço e renovação científica. As verdades relativas de ponta duram mais ou menos dependendo dos consensos relativos de ponta.

Proexologia. O Colégio Invisível de uma Especialidade da Conscienciologia ao reunir vários pesquisadores com o compromisso de produzir, conjuntamente, gestações conscienciais torna-se uma maxiproéxis grupal. Os elementos mais importantes na realização da proéxis são as companhias evolutivas, os Colégios Invisíveis representam uma maior acessibilidade interconsciencial. A proéxis de muitas consciências é fundamentar teaticamente a Conscienciologia e suas atuais setenta especialidades (Ano Base:2005).  
 
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Royal Society 



 A fundação (1660) e desenvolvimento rápido da Royal Society, uma das matrizes da comunidade científica moderna, ilustra bem os aspectos referidos nas duas secções anteriores. O facto de ter nascido em Londres e de ter um nome inglês não nos deve induzir em erro. A Royal Society (R.S) foi, desde o início, concebida e organizada para ser um fórum INTERNACIONAL de cientistas. O seu grande impulsionador, Henry Oldenburg, não era, aliás, inglês, mas alemão e poliglota. Em 1661, começara por participar numa comissão da R.S encarregue de "considerar questões adequadas para serem investigadas nas partes mais remotas do mundo". Mas os seus talentos de organizador e de poliglota em breve extravasariam esse quadro quando foi nomeado secretário da R.S. A ele se deve a transformação da R.S num verdadeiro "colégio invisível", através da teia de sócios-correspondentes que urdira pela Europa.
Nesse tempo, a carta, manuscrita ou impressa, já era uma forma de comunicação corrente entre cientistas. Era o veículo ideal para comunicar um pequeno conjunto de factos, para descrever uma série curta de observações, para formular uma hipótese ou relatar uma experiência planeada. O seu próprio formato incitava à brevidade e à concisão, criando o estilo despojado e "sêco" que se haveria de tornar, mais tarde, apanágio dos "papers" ou "articles" científicos, seus descendentes directos, sobretudo na Física.
Apenas oito anos volvidos, Oldenburg definia assim, perante a R.S, a sua missão como secretário: assegurar a realização das tarefas experimentais recomendadas, escrever todas as cartas para o estrangeiro e trocar correspondência regular com mais de trinta cientistas ESTRANGEIROS, nas principais línguas europeias. As cartas forneciam assuntos para as reuniões da R.S em Londres. Mas faziam muito mais do que isso, forneciam a matéria-prima que alimentava a grande invenção de Oldenburg: as "Philosophical Transactions", o primeiro periódico científico do mundo.
Para ser ouvido na R.S em Londres, já não era necessário assistir a uma reunião. Para se manterem em contacto e ao corrente dos trabalhos uns dos outros, os cientistas europeus já não precisavam de mandar imprimir centenas de cópias das suas cartas ou dispender somas avultadas na impressão de um livro. Bastava-lhes escrever para as "Transactions". Mais, para escrever já não era preciso sequer saber Latim. O diligente Oldenburg encarregava-se de promover (ou fazer ele próprio) a tradução ou a síntese em Inglês e Francês, se a carta viesse escrita noutro idioma vernáculo. Assim, cada número mensal das "Transactions", com as suas 12 páginas impressas e uma tiragem de 1200 exemplares, fazia juz ao seu subtítulo: "Giving some accompt of the present undertakings, studies, and labours, of the ingenious in many considerable parts of the world".

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Beatriz Morgado de Queiroz



Entrelaçados, o conceito de comunicação proposto pelos intelectuais do Colégio Invisível com o de micropolítica desenvolvido por Félix Guattari, basearam o entendimento da comunicação como espaço de relação e produção crítica e criadora de sentidos. Desta forma, a arte, apontada por Merleau-Ponty como espaço de produção de sensibilidades, torna-se um campo privilegiado para a comunicação processar novas formas de vida.

A noção de comunicação como processo é a base do presente artigo, que buscou entre os intelectuais do chamado Colégio Invisível uma alternativa ao tradicional modelo linear de estudar a comunicação. Esta escola era caracterizada por ser uma teia de ligações conceptuais e metodológicas, ou seja, um consensualismo intelectual que uniu “espiritualmente”, mas quase nunca fisicamente – daí a sua invisibilidade – um grupo de pesquisadores norte-americanos, a partir de 1950, ao redor das Universidades de Palo Alto e da Filadélfia, nos EUA.

Esta nova relação entre espectador, artista e obra pode ser comparada com a participação de cada sujeito em uma orquestra, na qual “todo indivíduo está em uma rede comunicacional, como emissor e receptor ao mesmo tempo”, como fizeram os intelectuais do Colégio Invisível ao proporem um modelo orquestral de comunicação. (apud WINKIN, 1998). Nesse contexto, arte e comunicação formam um conjunto dinâmico de signos geradores de sentido.

Queremos ressaltar o contexto interacional e comunicacional do uso dos signos por parte do homem e a maneira como estes são organizados em sistemas transacionais que integram visão, audição, tato, olfato e paladar. (COLÉGIO INVISÍVEL apud WINKIN, 1998, p. 110)